Divagações de uma noite de sonhos acordados...

segunda-feira, abril 23, 2007

Nunca se escreve sozinho...


Escrevo com força,

Marcando o papel ou quebrando o teclado.
Desejo que a palavra seja um murro na realidade.
Por isso sou forte pelo menos no desejo de ser forte,
De expulsar de mim, com toda a força,
Aquilo que não me permite ser forte fora do desejo,
Do desejo de ser forte...
Esse desejo que todo o fraco tem,
Esse desejo que cria e recria a vida,
A vida no papel, na tela, na estátua, no plástico, no som, no cinema...
Esse desejo de ser personagem...

Escrevo com força...
Com a mesma força com que penso, com que calo,
Com que respiro longe de mim e de tudo.
Atinjo o papel batendo na minha própria cara
Que não é de pau... é de papel.
Se fosse de pau, bastar-me-ia a mentira.
Como é de papel, basta-me a arte...
E devo confessar: nunca se escreve sozinho.
A mão que toca cada tecla
Toca sempre a outra.
O pensamento que pensa cada facto
Pensa sempre outro.
O sorriso que ilumina cada folha
Ilumina sempre outra.
A lágrima que sai de uma esperança
Molha sempre outra...


Porque nunca se escreve sozinho...