Divagações de uma noite de sonhos acordados...

terça-feira, abril 29, 2008


amo-te porque não sei o que esta palavra significa
amo-te porque ela me sabe bem
doce...
como um fruto acabado de colher
como um fruto suave sem nome e sem letras
doce...
como uma flor de cor por inventar
que se adivinha no amor da terra
dos vasos da minha varanda que planto.

amo-te porque crias a magia
amo-te porque nem sabes o que trazes nos dedos
amo-te porque escreves gotas de água roubadas ao mar

amo-te porque as tuas gargalhadas
são as pérolas que uso,
para enfeitar os meus vestidos de cetim
amo-te porque ruborizarás... ao seres, todos os dias...
as manhãs claras da minha ternura.

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Não consegues ver que só quero amor? Não quero palavras nem promessas nem simpatia...só amor e amor a escorrer de ti e de mim, como mel ou como açúcar derretido a correr-nos pelas veias e quero correr contigo num campo aberto com flores vermelhas amarelas e laranjas por toda a parte, fazendo cócegas nos pés e atirando-nos ao chão e fechando-nos num abraço forte e quente, eu e tu, tu e eu... nós num abraço, numa mistura de dois na singularidade do nosso amor! No meu sangue correm substâncias que não conheço mas que só podem ter sido feitas naquele grande caldeirão onde as flores vermelhas se desfaziam em pequenas borboletas cor de fogo que voavam em círculos à nossa volta e nos levavam nas suas asas até ao mais alto dos abismos onde havíamos de cair até que os nossos corpos se desfizessem no ar e se tornassem pura energia, puro vermelho girando à sua própria volta e formando todas as estrelas, a lua, o sol e os nossos olhos brilhando cá em baixo, enquanto olhávamos o céu deitados na relva fresca, de mãos dadas e sorrindo na nossa felicidade...

terça-feira, julho 24, 2007

Essas pessoas tão necessárias...


Há pessoas que com uma só palavra despertam ilusões;

Que com um mero sorriso nos olhos nos convidam a viajar por outras terras, nos dão a conhecer toda a magia do mundo;

Há pessoas que com um mero toque quebram a solidão, põem a mesa, servem um banquete e colocam grinaldas;

Que com uma simples viola fazem uma sinfonia caseira;

Há pessoas a quem basta abrir a boca... para tocar nos confins da alma, alimentar uma flor, inventar sonhos, como se fossem a coisa mais simples do mundo;

E assim vamos de braço dado com a vida, desterrando uma morte solitária...
Pois sabemos que ao virar da esquina há pessoas assim...

...Tão necessárias...

segunda-feira, abril 23, 2007

Nunca se escreve sozinho...


Escrevo com força,

Marcando o papel ou quebrando o teclado.
Desejo que a palavra seja um murro na realidade.
Por isso sou forte pelo menos no desejo de ser forte,
De expulsar de mim, com toda a força,
Aquilo que não me permite ser forte fora do desejo,
Do desejo de ser forte...
Esse desejo que todo o fraco tem,
Esse desejo que cria e recria a vida,
A vida no papel, na tela, na estátua, no plástico, no som, no cinema...
Esse desejo de ser personagem...

Escrevo com força...
Com a mesma força com que penso, com que calo,
Com que respiro longe de mim e de tudo.
Atinjo o papel batendo na minha própria cara
Que não é de pau... é de papel.
Se fosse de pau, bastar-me-ia a mentira.
Como é de papel, basta-me a arte...
E devo confessar: nunca se escreve sozinho.
A mão que toca cada tecla
Toca sempre a outra.
O pensamento que pensa cada facto
Pensa sempre outro.
O sorriso que ilumina cada folha
Ilumina sempre outra.
A lágrima que sai de uma esperança
Molha sempre outra...


Porque nunca se escreve sozinho...

terça-feira, abril 10, 2007



Não quero que voltes para mim
Não quero que voltes para mim.
Olha para a água que hoje cai,
e esquece que um dia chorei por ti.

Não quero que voltes para mim,
não quero que sintas se sou feliz,
não quero que descubras o meu triste sorrir...

Onde estão as promessas que nunca fizeste?
As palavras que nunca escreveste?
As distâncias que nunca venceste?
Não quero que me digas que me amaste,
não quero saber por onde andaste,
não quero que me peças o que sonhaste.

Afinal, cada estrela foi como uma escada feita de ar.
Pó de areia que eu já deixei voar…
Nesse teu mundo onde só tu consegues estar!

Não quero que voltes para mim.
Hoje, deixei de ter vontade de lutar,
pela tua visão única de amar…

segunda-feira, abril 09, 2007

Rui Veloso - Regras da Sensatez



"Nunca voltes ao lugar onde já foste feliz
Por muito que o coração diga, não faças o que ele diz
Nunca mais voltes à casa onde ardeste de paixão
só encontrarás erva rasa por entre as lajes do chão
Nada do que por lá vires será como no passado
Não queiras reacender um lume já apagado.

São as regras da sensatez
vais sair a dizer que desta, desta é de vez...

Por grande a tentação que te crie a saudade
não mates a recordação que lembra a felicidade
Nunca voltes ao lugar onde o arco-íris se pôs
só encontrarás a cinza que dá na garganta nós.

São as regras da sensatez
vais sair a dizer que desta, desta é de vez
só mais uma vez..."

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Nunca te sentis-te vazio? Eu já

Nunca te sentis-te vazio apenas porque o dia amanheceu?
Nunca ouvis-te uma música que te tocou no mais profundo do teu ser e encolhes-te de medo do que está para lá desse profundo?
Nunca te deixas-te invadir pelas lágrimas simplesmente porque as cicatrizes que coleccionas no peito se abriram todas de uma só vez devido a uma brisa malévola que as atingiu?
(e tu demoraste tanto tempo a cosê-las, a terminar cada ponto com um esforço para além do humano...)
Nunca sentis-te o desespero tão perto, bastava esticares os dedos e tocar, está mesmo ali embalado numa canção tão sedutora, vestido de sereia a chamar-te com os seus braços sedosos?
Nunca deixas-te que o fio condutor de sentido desaparecesse e tu demorasses eternidades a encontrá-lo?
Nunca valsaste com a loucura?


Eu já.