Divagações de uma noite de sonhos acordados...

segunda-feira, novembro 27, 2006


Nem uma palavra (me deste)
Nem um sorriso (me ofereces-te)
Nem um olhar (me dirigis-te)

Nada!

....

Estou pronta para saltar da palma da tua mão… sozinha! Já arranjei as minhas asas de papel!

quinta-feira, novembro 09, 2006

"A pessoa certa não é a mais inteligente, a que nos escreve as mais belas cartas de amor, a que nos jura a paixão maior ou nos diz que nunca se sentiu assim.
A pessoa certa é aquela que quer mesmo ficar connosco. Tão simples quanto isto. Às vezes demasiado simples para as pessoas perceberem. O que transforma um homem vulgar no nosso Príncipe é ele querer ser o homem da nossa vida.
Os verdadeiros Príncipes encantados não têm pressa na conquista, porque como já escolheram com quem querem passar o resto da vida, têm todo o tempo do mundo!
O Prícipe encantado não é o namorado mais romântico do mundo que nos cobre de beijos; é o homem que nos puxa o lençol para os ombros a meio da noite para não nos constiparmos ou se levanta para nos fazer um chá de limão quando estamos com dores de garganta.
O príncipe que sabe o que quer... que sabe que não é o melhor namorado do mundo... é o melhor marido do mundo... porque não é o que olha todos os dias para nós, mas sim o que olha por nós todos os dias."


O mito e o resto - Vou contar.te um Segredo

Margarida Rebelo Pinto

quarta-feira, novembro 08, 2006

Carta Aberta

Sabes.. às vezes quero-te dizer que a dor é demasiado real para ser apenas alucinação.
Às vezes, quero abraçar-te e implorar-te que não vás... Que fiques aqui e me embales como a uma criança pequena.
O pânico invade-me. Depois começo a sentir uma espiral, uma espiral que me atira contra a parede e me engole toda a vontade de estar perto das pessoas.
São as lágrimas que se cristalizam na garganta e criam um imenso nó. Elas já não descem pelos olhos. Desaprenderam esse movimento ancestral. Agora só querem viver eternamente nas minhas cordas vocais, onde se depositam e se deixam desfalecer.
Sabes... às vezes quero-te dizer que só a tua presença me acalma, esta ânsia da tua voz e dos carinhos, dos afagos que habituaste a minha pele. Outras apenas quero ficar a ouvir o silêncio gritar enquanto de olhos fechados te transmito anos e anos de fantasias quebradas e gelos que
inundam o meu corpo.
Ouço músicas, vejo filmes, tento em vão esquecer o teu rosto e o calor das tuas mãos e só elas, só elas, amor, me conseguem acalmar esta intensa mágoa de todos os beijos ficaram por dar.
Não consigo falar com os que conheço, sabias? Eles percorrem a mesma casa que eu, mas são meros espectadores silenciosos das minhas constantes mudanças de humor.
Sempre tive riso fácil. Prostituo a minha boca em gargalhadas que nunca me beijam o coração.
Sempre fui a mais forte. Sempre fui o farol em dia de tempestade. Então eles acham que será sempre assim, que sempre nos maus momentos eu irei confortá-los e que também me confortarei a mim mesmo.
E tu? Confortas-me?
Estou tão doente.. sinto-o nos ossos. Sinto-me a definhar, a minha mente
está tão debilitada...
Sabes, amor, o cansaço é uma doença que nos deixa fracos. E eu estou tão cansada... Quando acordo penso que acordo para um novo sonho porque tudo se me é baço aos olhos.
Eu sei que isto vai acabar. Eu sei que esta espera que me gasta os joelhos vai terminar e tudo vai ficar bem.
Eu repito-o para os outros. Como se fosse uma ladainha. Sorrio-lhes. Afago as suas temeridades e sussurro que a vida é um imenso rol de pedras na estrada e que nem por isso a estrada acaba.
E é verdade... quem acaba sou eu.
Eu é que me acabo nestes silêncios, nestas constantes implosões, nestes destroços que escondo por trás do ar desleixado e confiante.
E depois inundo-te de dor e dúvidas, e lágrimas que nunca sei chorar e que só escorrem na voz.
Eu sei que amanhã é um novo dia e que eu sempre fui perita a fingir forças
e ternuras.
Eu sei tudo isso.
Fui eu que inventei as mais belas frases de consolo e depois as repeti a mim mesma enquanto no ar choviam acusações.
Fui eu que acariciei os meus dedos nas noites em que ninguém vinha ver se os cobertores eram brancos e perfumados.
Fui eu que escrevi os mais poéticos contos para entreter os gritos que se semeavam nos cadernos, nos diários, nas paredes, nas palavras que nunca deixei sair do peito.
Sim amor. Fui eu.
Eu que teci muros em volta do meu eu tão moribundo e me resgatei suavemente.
Porque não o sei fazer agora?
Porque agora não estou sozinha. Agora estás aqui. E o meu eu já não responde aos contos, nem aos meus dedos, nem às minhas frases.
Apenas às tuas.
Só a tua presença acalma esta necessidade de me refugiar.
Nunca falei a mesma língua que as outras crianças. Nunca fui inocente e pura. Mas fui sonhadora.
Ainda sou.
E depois veio a escrita. O meu pecado e a minha redenção.
Eu queria dizer que ela existe porque tu existes. Ou que ela existe porque
é boa. Mas não. Ela existe simplesmente porque eu existo.
É consequente da minha voz apagada como a sombra é consequência do Sol.
Sabes... às vezes quero tão só dizer que te amo... E é essa a única certeza que tenho neste lodo que é a minha alma. Onde chafurdo nos meus próprios dejectos e indecisões.
Outras... nas outras estou demasiado entretida a fingir felicidade para me lembrar o que penso ou quero ou planeio.
Vou aguardar o teu regresso. Sei que voltas sempre para os meus braços. E eu vou alimentar-me da tua presença como um malmequer se alimenta dos raios solares.
Até lá grito silenciosamente. Para não os acordar e assustar... Vou continuar a tolerar as tuas presenças tão subtis, tão cómodas, tão cegas.
Vem salvar-me... preciso de ti... A noite é demasiado assustadora. Vem... estou aqui... porque não me ouves? Onde estás? ... Quase te posso sentir, mas não te consigo tocar. Aqui ao lado eles continuam as suas vidas paralelas à minha.
À minha vida que só o é quando estás comigo.