Divagações de uma noite de sonhos acordados...

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Nunca te sentis-te vazio? Eu já

Nunca te sentis-te vazio apenas porque o dia amanheceu?
Nunca ouvis-te uma música que te tocou no mais profundo do teu ser e encolhes-te de medo do que está para lá desse profundo?
Nunca te deixas-te invadir pelas lágrimas simplesmente porque as cicatrizes que coleccionas no peito se abriram todas de uma só vez devido a uma brisa malévola que as atingiu?
(e tu demoraste tanto tempo a cosê-las, a terminar cada ponto com um esforço para além do humano...)
Nunca sentis-te o desespero tão perto, bastava esticares os dedos e tocar, está mesmo ali embalado numa canção tão sedutora, vestido de sereia a chamar-te com os seus braços sedosos?
Nunca deixas-te que o fio condutor de sentido desaparecesse e tu demorasses eternidades a encontrá-lo?
Nunca valsaste com a loucura?


Eu já.

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Eu queria ter-te agarrado para sempre..
Sem nunca ter-te deixado fugir por entre estes dedos.

Foram dedos de seda..
Que agora parecem trapos.

domingo, fevereiro 04, 2007

Um silêncio demasiado nosso



Disse. Disse que te amo. Deixei a palavra libertar-se vagamente dos lábios como uma sentença proferida demasiado cedo.
Foi um “amo-te” com sabor de despedida. A despedida que nunca queremos fazer, que queremos sempre adiar. Dei-lhe asas e deixei-a voar. Existem palavras que nos carregam a alma toda nas costas amplas. E nessa palavra depositei todo o sentimento. Era eu. Eu cosida em cada letra. Eu, espelhada em cada nuance. Existem palavras que nos ensinam que por vezes nem o silêncio supera a sua força. Hoje, o silêncio a que me remeto grita de uma forma que me rasga o coração. Mas não o vou calar. Sei que hoje o silêncio tem sabor de ti. Tem sabor de adeus, de "amo-te" em cada pedaço do seu corpo disforme. Só o silêncio, só o seu grito, me pode apagar a dor... Existem silêncios demasiado nossos. Este... é um deles.