Divagações de uma noite de sonhos acordados...

segunda-feira, abril 23, 2007

Nunca se escreve sozinho...


Escrevo com força,

Marcando o papel ou quebrando o teclado.
Desejo que a palavra seja um murro na realidade.
Por isso sou forte pelo menos no desejo de ser forte,
De expulsar de mim, com toda a força,
Aquilo que não me permite ser forte fora do desejo,
Do desejo de ser forte...
Esse desejo que todo o fraco tem,
Esse desejo que cria e recria a vida,
A vida no papel, na tela, na estátua, no plástico, no som, no cinema...
Esse desejo de ser personagem...

Escrevo com força...
Com a mesma força com que penso, com que calo,
Com que respiro longe de mim e de tudo.
Atinjo o papel batendo na minha própria cara
Que não é de pau... é de papel.
Se fosse de pau, bastar-me-ia a mentira.
Como é de papel, basta-me a arte...
E devo confessar: nunca se escreve sozinho.
A mão que toca cada tecla
Toca sempre a outra.
O pensamento que pensa cada facto
Pensa sempre outro.
O sorriso que ilumina cada folha
Ilumina sempre outra.
A lágrima que sai de uma esperança
Molha sempre outra...


Porque nunca se escreve sozinho...

terça-feira, abril 10, 2007



Não quero que voltes para mim
Não quero que voltes para mim.
Olha para a água que hoje cai,
e esquece que um dia chorei por ti.

Não quero que voltes para mim,
não quero que sintas se sou feliz,
não quero que descubras o meu triste sorrir...

Onde estão as promessas que nunca fizeste?
As palavras que nunca escreveste?
As distâncias que nunca venceste?
Não quero que me digas que me amaste,
não quero saber por onde andaste,
não quero que me peças o que sonhaste.

Afinal, cada estrela foi como uma escada feita de ar.
Pó de areia que eu já deixei voar…
Nesse teu mundo onde só tu consegues estar!

Não quero que voltes para mim.
Hoje, deixei de ter vontade de lutar,
pela tua visão única de amar…

segunda-feira, abril 09, 2007

Rui Veloso - Regras da Sensatez



"Nunca voltes ao lugar onde já foste feliz
Por muito que o coração diga, não faças o que ele diz
Nunca mais voltes à casa onde ardeste de paixão
só encontrarás erva rasa por entre as lajes do chão
Nada do que por lá vires será como no passado
Não queiras reacender um lume já apagado.

São as regras da sensatez
vais sair a dizer que desta, desta é de vez...

Por grande a tentação que te crie a saudade
não mates a recordação que lembra a felicidade
Nunca voltes ao lugar onde o arco-íris se pôs
só encontrarás a cinza que dá na garganta nós.

São as regras da sensatez
vais sair a dizer que desta, desta é de vez
só mais uma vez..."